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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A História da ICSI


Provavelmente, a primeira microinjeção de espermatozoides em oócitos de estrela do mar foi realizada no início do século 20 por volta dos anos 1900, por Kite, porém os resultados desse experimento foram inconclusivos. Meio século depois, Hiramoto relatou a microinjeção de espermatozóides vivos em oócitos não fertilizados de ouriço do mar na tentativa de investigar a ativação oocitária. Uehara e Yanagimachi aplicaram a técnica de injeção espermática para determinar quando o espermatozoide ou o núcleo espermático, injetados no citoplasma de oócitos de hamster, podiam desenvolver pronúcleos masculinos.

Também foi verificado que o núcleo fresco, congelado e seco, e congelado-descongelado de espermatozoides humanos também poderiam se desenvolver em pronúcleos nos oócitos de hamster. Conclui-se, pelos resultados desses estudos, que as interações normalmente requeridas para que o espermatozoide penetrasse e fertilizasse o oócito não eram biologicamente necessárias e podiam ser sobrepassadas pela injeção direta do espermatozoide.

Essa conclusão também foi confirmada quando um único espermatozoide de rato, sem capacitação, era injetado no citoplasma de uma série de oócitos de ratas superovuladas, resultando em uma taxa relativamente alta de sobrevivência(63%) e formação de pronúcleos(46%). Quando a ICSI foi testada em ratos, um número muito alto de degeneração e uma taxa extremamente baixa de fertilização foi obtida, as quais ocorreram mais provavelmente pelo resultado de parâmetros técnicos, assim como uma pipeta relativamente mais larga, por exemplo.

Um relato similar foi publicado por Ron-El et al., vários anos depois, quando a ICSI estava funcionando satisfatoriamente em humanos, confirmando as dificuldades técnicas derivadas do tamanho relativamente pequeno do oócito em comparação com um espermatozóide relativamente maior.

A maioria das pesquisas em microfertilização descritas aqui foi conduzida com a injeção citoplasmática de espermatozoide. Com este método, uma baixa taxa de fertilização e , às vezes, também uma baixa taxa de crescimento foram obtidas. Por essa razão esforços foram feitos para estabelecer vias alternativas de micromanipulação que pudessem ser mais eficientes do que a injeção intracitoplasmática.

Um dos primeiros relatos em micromanipulação de gametas em roedores objetivando estabelecer um possível uso clínico vem de Barg et al., que, em 1986, injetaram espermatozoides imóveis de ratos sob a zona pelúcida de oócitos de ratas, mas não se observou a fertilização.

A maioria dos outros relatos, entretanto, os quais, descreveram a inserção de espermatozóide sob a zona pelúcida de oócitos (injeção de subzona-SUZI) em roedores, obteve sucesso em termos de fertilização.

Os primeiros relatos de gravidez depois da aplicação da ICSI apareceram em 1992. Entretanto, no começo (nos primeiros 300 casos com microinjeção realizados na Universidade Livre de Bruxelas-AZ-VUB), a SUZI foi usada mais frequentemente que a ICSI. Por causa dos contstantes melhores resultados obtidos com a ICSI, esta foi utilizada cada vez mais regularmente na segunda série dos 300 ciclos com microinjeções.

Finalmente, a técnica de SUZI foi completamente abandonada depois de um estudo comparativo entre SUZI e ICSI usando oócitos pareados, e a ICSI tornou-se o único método de fertilização assistida para o tratamento de fertilidade masculina na Universidade Livre de Bruxelas.

Quando foi testada em humanos, em 1988, observou-se que era possível obter oócitos que não só sobreviviam à microinjeção como também exibiam dois pronúcleos como sinal de fertilização normal, porém sem conseguir gravidez. Foi somente alguns anos depois que a transferência de embriões pós-ICSI relatada por Palermo et al., em 1992, resultou em sucesso.

Com respeito à tecnologia da ICSI, pequenas mudanças foram sendo introduzidas na técnica desde então. Todavia, estudos recentes mostram uma diminuição na relativa invasividade do processo mantendo sua alta eficácia, e essa nova técnica é chamada de ICSI assistido por laser.

Hoje, mais de 14 anos depois de sua introdução inicial com sucesso em nossa prática clínica, é largamente utilizada em todas clínicas de FIV, por todo o mundo, para diferentes indicações de infertilidade, na maioria das vezes substituindo a técnica original, ou seja, a chamada FIV convencional.

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